Tecnologia: amiga ou inimiga da notícia?

Tecnologia: amiga ou inimiga da notícia?

A Pew Research ressalta que não é de hoje que se sabe que os investimentos no digital não necessariamente vão parar nas empresas de notícias. Há dinheiro na web: o total de gastos com publicidade digital cresceu mais 20% em 2015 para cerca de US$ 60 bilhões, uma taxa de crescimento mais elevada do que em 2013 e 2014. Mas as organizações de jornalismo não têm sido os principais beneficiários. Na verdade, em comparação com o ano anterior, há ainda mais fatias do bolo das receitas de anúncios digitais, 65% para ser mais específico, sendo engolida por cinco empresas de tecnologia, nenhuma delas de jornalismo: Facebook, Google (criador do famoso provedor de email gmail entrar), Yahoo, Twitter e AOL.

O faturamento de publicidade nas mídias digitais subiu 18% de 2013 para 2014. Em números absolutos, passou de US$ 43,1 bilhões para US$ 50,7 bilhões. Dentro desse universo, chama a atenção o salto do montante gasto em mobile: de US$ 10,7 bilhões gastos em 2013 para US$ 19 bilhões em 2014, um aumento de 78%. A publicidade em mobile totaliza 37% do investido no digital. Antes era 25%.

Cada vez mais, os dados sugerem que o impacto que estas empresas estão tendo sobre o negócio do jornalismo vai muito além do lado financeiro, transformando elementos-chave da indústria de notícias em si. Na era pré-digital, as organizações de jornalismo controlavam os produtos de notícias e serviços do início ao fim, incluindo escrita e produção, embalagem e entrega, experiência do público e seleção editorial. Com o tempo, as empresas de tecnologia tomaram algum desses papéis, suplantando as escolhas e objetivos dessas empresas notícias com suas próprias escolhas e objetivos, incluindo os algoritmos do facebook, por exemplo.

Nem tudo são más notícias quando se trata de tecnologia. Liderado pelo Serial, os podcasts vêm apresentando um crescimento constante nos últimos dois anos. Segundo o Pew, “avanços na tecnologia— em particular, o rápido crescimento no uso de smartphones e de aparelhos mobile e a facilidade de escutar no carro— contribuíram para um ligeiro aumento no interesse por podcasts. No Brasil, eles já existem, mas aos poucos estão se popularizando, seguindo outras tendências nas comunicações.